Carlos de Melo e a formação do seu fracasso nos três primeiros romances de Zé Lins

Carlos de Melo e a formação do seu fracasso nos três primeiros romances de Zé Lins

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OFICINA DE TEORIA DO ROMANCE

Ministrada pelo Doutor Pedro Furtado

Procuramos, nessa oficina, discutir a análise e a interpretação da construção do mal-estar (nostalgia, melancolia e outros afetos irradiados por elas) e do sentimento de fracasso no personagem Carlos de Melo em Menino de engenho, Doidinho e Banguê, romances de José Lins do Rego publicados, respectivamente, em 1933, 1934 e 1935. Para tal propósito, conversaremos brevemente sobre o nosso embasamento teórico, que se centra nos estudos acerca da fortuna crítica do autor e das narrativas do corpus, de aspectos do romance de 30 e do romance de formação, de textos balizadores da noção de mal-estar, além de ensaios que norteiam o nosso método hermenêutico enfocado numa crítica integradora – que permite olhar para diversos campos de tensão manifestados nos romances – enfatizando, no entanto, a valência emocional do sofrimento do protagonista, uma vez que a maioria dos textos críticos acerca dessas obras indica os embates socioeconômicos delas. O centro da nossa atenção, no entanto, encontra-se no processo hermenêutico das narrativas em questão. Em Menino de engenho, destaca-se a narração episódica que enquadra o entusiasmo do menino pelo novo, mas que também é perturbado pela gênese de uma certa melancolia difusa que sempre o acompanhará; em Doidinho, os tons nostálgicos e saudosos de Carlos de Melo quanto ao período no engenho aparecerem principalmente em contraposição à escassez de liberdade enfrentada no colégio; em Banguê, o desajustado bacharel encontra-se num estado de profundo desânimo tão somente interrompido pelo amor – que, quando arruinado, faz sobrar ódio e ressentimento –, pelo devaneio e pelas altamente frustradas tentativas de tornar-se um senhor de engenho.
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